domingo, 16 de julho de 2017

O anacronismo do vestibular

O vestibular está ultrapassado. E diante dos desenvolvimentos tecnológicos, dos poderosos apetrechos desta era, extremamente frágil à fraude - nada mais previsível do que uma prova de múltipla escolha.

Desfile das escolas de samba:

Beija-flor, 9.9. 
Mangueira, 9.8. 
Unidos de Vila isabel, 9.7

Duas hipóteses: 
1) 9.9 = 9 ,  9.8 = 8  e  9.7 = 7


2) A discrepância entre a qualidade das escolas de samba é desprezível, de modo que mesmo se a última colocada fosse campeã, não haveria nenhuma diferença significativa. A mente humana não é suficientemente apurada a ponto de diferenciar números tão diminutos.



Por que estou falando sobre isso ? É exatamente o que acontece no vestibular, anacrônico tendo em vista que a diferença entre os 50 primeiros colocados é desprezível em relação ao quinquagésimo primeiro.

Para mim, o vestibular não deveria ser adotado como critério classificatório, mas eliminatório. 

Por exemplo, se o sujeito deseja cursar Engenharia ou Jornalismo, seria estipulada uma nota mínima fixa, um conjunto de conhecimentos que devem ser obrigatoriamente conhecidos - aqueles que não atingissem tal patamar seriam eliminados. Em seguida, na segunda etapa, os candidatos deveriam apresentar algo único, um projeto ou talento que os diferenciasse perante os demais. 

Na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, através da bomba atômica, esmagaram o Japão, forçando a sua rendição. A força bélica americana era muito superior à japonesa. Considero as vitórias cujas discrepâncias são desprezíveis igualmente desprezíveis. É preciso adotar um critério que aumente a discrepância dos 50 primeiros em relação a todo o resto, que reduza substancialmente quaisquer variáveis aleatórias, assim, teremos absoluta certeza que eles realmente mereceram essa vaga. 

É ridículo que um único décimo seja o muro que separa os que passaram dos que não passaram, eu duvido que um corretor tenha um método aprimorado a tal ponto. Quanto menor a discrepância, maior a sujeição às variáveis aleatórias: sorte ou falta dela.

Além do sugestão apresentada no parágrafo anterior, outra alternativa mais dolorosa seria adotar o maximalismo, provas ainda maiores e mais aprofundadas, que fujam à superficialidade, que frustrem os cursinhos e sua eterna decoreba.  No entanto, esta via não difere muito do vestibular tradicional, de modo que a sugestão anterior parece mais sensata.  

O QUE VOCÊS PENSAM ?