quarta-feira, 12 de julho de 2017

Sobre a crise na UERJ. Os problemas da UERJ. A verdade sobre a UERJ

Vale a pena estudar na UERJ ? 
  Minha experiência com a UERJ. Como é estudar na UERJ ? Sobre as Universidades públicas e sobre a crise na UERJ

Neste ano, 2017, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) teve 50 mil inscritos a menos em seu vestibular, o que em certa medida, é preocupante para a reputação da instituição. 



No entanto, para mim, trata-se principalmente de um efeito colateral do sensacionalismo midiático. UERJ, UFF, UFRJ não são tão diferentes assim, de modo que trocar uma pública por outra pública é como trocar seis por meia dúzia.

Primeiro porque, no geral, em relação ao corpo docente, as universidades públicas não possuem uma identidade própria, um diferencial entre si. Os professores são funcionários públicos contratados através de concursos públicos, provas, processos burocráticos que levam meses e são muito parecidos. Sim, existe a terceirização, mas ainda é um processo à parte. É diferente, por exemplo, das grandes universidades americanas, que se podem dar ao luxo de contratar o vencedor do prêmio nobel, ou mesmo demiti-lo. Vide o caso Vilém Flusser. 

O que realmente me incomodou na UERJ não foi a estrutura física, mas o corpo docente, os professores. O ensino não é fraco, é péssimo.




A estrutura física não é das melhores, mesmo assim, o que garante uma formação de qualidade está muito além dos equipamentos. Um dos meus professores critica veementemente as universidades privadas por sua suposta ênfase excessiva no mercado de trabalho, alegando que a parte teórica é o substrato de quaisquer formações acadêmicas. Ok. 

O problema é o seguinte: a base das públicas está fraca ! E se não fosse a rigorosa peneira do vestibular, que tende a selecionar os alunos mais dedicados e mais bem preparados, não seriam muito diferentes das UniEsquinas.

Cerca de 80 % dos meus professores eram péssimos, das seguintes formas:

1)   Falta de domínio do assunto
2)   Falta de comprometimento para com a disciplina
3)  Conteúdo raso, que pode facilmente ser aprendido na wikipedia.
4)  Péssima didática, má vontade

Os doutores tendem a se especializar em áreas muito estreitas, dependendo das matérias delegadas, a falta de domínio da mesma é evidente. Escassez de professores: não existem muitas opções, na verdade, é comum que determinados professores ministrem uma matéria pelos últimos 20 anos. Fora os horários quebrados e a demora para abertura de turmas. Cada matéria perdida implica mais seis meses antes da formatura. 

Há aqueles que apenas sentam em suas cadeiras e ficam esperando as dúvidas, iniciativa zero. Outros até possuem uma aula minimamente decente, mas o que levam seis meses para ensinar, eu poderia facilmente aprender em uma semana através da Wikipedia.

Depois do surgimento da internet, o professor precisa de alguma originalidade, algo que não possa ser facilmente achado numa pesquisa pelo youtube. 

No geral, o método é o seguinte: vomitam uns 3 ou 4 textos aleatórios na nossa cara, faz-se um seminário em que todos leem os slides e fim. No caso das disciplinas "de exatas", cospem a matéria no quadro negro e aplicam uma prova. 

Este sistema decadente é muito anterior à crise econômica. Sim, a escassez de recursos dificulta o ensino, mas no caso da maioria das faculdades, que não precisam de equipamentos ou materiais custosos, o maior problema é causado pelo  próprio corpo docente, pela sua deliberada má vontade, pela sua péssima didática. Veja bem: bons pesquisadores não são necessariamente bons professores

E trata-se de um sistema viciado, que tenta se perpetuar a todo custo ... não creio que se os salários fossem aumentados em 100 % haveria diferenças significativas, as pessoas continuariam as mesmas, apenas haveria um custo maior ao Estado.   

É mister o empoderamento do corpo estudantil - se 100 % de uma turma diz que um professor é uma merda e ele continua lá, ano após ano, e se repetem as mesmas reclamações, tem algo muito errado, algo que TEM QUE mudar. Também seria útil uma prova central para garantir um controle de qualidade mínimo, para o MEC verificar se o conteúdo realmente está sendo passado, se existem anomalias extremas (algo que já existe como medida para inglês ver, pois é boicotado e necessita de uma série de ajustes).